Como escolher graxas industriais de alta performance para rolamentos e engrenagens

A escolha correta da graxa industrial de alta performance é essencial para garantir a durabilidade e o desempenho de componentes mecânicos como rolamentos e engrenagens.

Esses elementos estão frequentemente sujeitos a altas cargas, atrito, vibração e temperaturas elevadas. Uma lubrificação inadequada pode causar desgaste prematuro, falhas e custos elevados de manutenção.

Conheça os critérios essenciais para selecionar a graxa ideal, considerando o tipo de aplicação, as condições operacionais e os requisitos de desempenho.

Por que a graxa certa faz diferença?

A graxa industrial não serve apenas para lubrificar — ela protege contra corrosão, contaminação e reduz o desgaste das superfícies de contato. Escolher a graxa correta:

• Prolonga a vida útil dos componentes
• Reduz o consumo de energia
• Diminui paradas não planejadas
• Reduz o custo total de operação (TCO)

Principais características de uma graxa de alta performance

Antes de escolher uma graxa, é necessário entender as suas propriedades. Abaixo estão as mais importantes:

Consistência (NLGI)

A consistência determina a rigidez da graxa. Ela é classificada segundo o índice NLGI (National Lubricating Grease Institute), que vai de 000 (muito fluida) a 6 (muito dura). Para rolamentos e engrenagens, as mais comuns são:

• NLGI 1 e 2: para sistemas centralizados e rolamentos em geral
• NLGI 0 ou 00: para engrenagens fechadas ou sistemas com bombas

Tipo de espessante

O espessante influencia a estabilidade térmica, resistência à água e compatibilidade com outros lubrificantes. Os principais são:

• Lítio/lítio complexo: ampla faixa de temperatura, boa resistência à água
• Poliureia: excelente estabilidade oxidativa, ideal para motores elétricos
• Bentonita: não derrete com o calor, ideal para altas temperaturas
• Sabões de cálcio ou alumínio: boa resistência à água, mas limitada a altas temperaturas

Óleo base

A viscosidade e o tipo de óleo base (mineral, sintético ou semissintético) determinam o desempenho da graxa. Exemplos:

• Óleo mineral: mais comum, bom custo-benefício
• Óleo sintético (PAO, ésteres): melhor desempenho em temperaturas extremas e maior durabilidade

Aditivos

Graxas de alta performance incluem aditivos como:

• Antioxidantes: previnem a degradação do óleo
• Antidesgaste (AW): protegem superfícies sob carga leve
• Extrema pressão (EP): protegem sob cargas pesadas e choques
• Inibidores de corrosão: protegem contra ferrugem e oxidação

Critérios para escolha da graxa ideal

Tipo de componente: rolamento ou engrenagem?

• Rolamentos: exigem graxas com baixa separação de óleo, boa estabilidade mecânica e resistência à oxidação.
  
• Engrenagens: podem precisar de aditivos EP mais robustos, especialmente sob carga pesada ou em sistemas fechados.

Velocidade de operação

A velocidade do componente influencia a escolha da viscosidade do óleo base. Isso é medido pelo fator de velocidade DN (diâmetro x rotação). Graxas muito viscosas podem superaquecer em altas velocidades.

Temperatura de operação

Cada graxa tem uma faixa de temperatura ideal. É importante considerar:

• Temperatura mínima de bombeamento (no arranque)
• Temperatura máxima contínua (operação constante)
• Ponto de gota (quando a graxa começa a se liquefazer)

Graxas de poliureia ou lítio complexo são indicadas para temperaturas elevadas (acima de 150 °C).

Carga aplicada

Se a aplicação envolve altas cargas ou choques, é fundamental utilizar graxas com aditivos EP (extrema pressão). Para rolamentos pesados e engrenagens industriais, essa característica é essencial.

Ambiente de operação

• Ambientes úmidos ou com contato com água: graxas com resistência à lavagem por água e proteção contra corrosão.
• Ambientes contaminados com poeira ou produtos químicos: preferir graxas com boa vedação e resistência a contaminantes.
• Ambientes alimentícios ou farmacêuticos: usar graxas com certificação H1 (graxas atóxicas).

Frequência de relubrificação

Graxas de alta performance reduzem a necessidade de reaplicações frequentes. Para aplicações de difícil acesso ou sistemas automatizados, priorize graxas com longa vida útil, alta estabilidade à oxidação e baixa volatilidade.

Aplicações comuns e graxas recomendadas

Como interpretar as fichas técnicas das graxas industriais

As fichas técnicas fornecidas pelos fabricantes são essenciais na hora de escolher a graxa ideal. É importante entender os principais dados apresentados:

• Penetração trabalhada (ASTM D217): indica a consistência da graxa após ser trabalhada
• Ponto de gota (ASTM D2265): temperatura na qual a graxa começa a se liquefazer
• Carga de solda (ASTM D2596): mostra a resistência da graxa a cargas extremas
• Separação de óleo (ASTM D1742): mede a estabilidade da graxa
• Lavagem por água (ASTM D1264): indica a resistência da graxa à remoção por água

Graxas biodegradáveis e ecológicas

Com a crescente preocupação ambiental, muitas empresas estão adotando graxas ecológicas e biodegradáveis. Essas opções são formuladas com óleos vegetais ou sintéticos atóxicos, e são ideais para aplicações em que há risco de contaminação ambiental:

• Equipamentos agrícolas
• Indústrias alimentícias
• Hidrelétricas
• Máquinas em áreas ambientais sensíveis

Essas graxas atendem normas como ISO 14001 e OECD 301, e mantêm boas propriedades de lubrificação, mesmo com foco ambiental.

Compatibilidade entre graxas

Nem todas as graxas são compatíveis entre si. Misturar graxas com espessantes ou aditivos diferentes pode gerar falhas graves, como:

• Separação de fases
• Perda de consistência
• Aumento de desgaste por perda das propriedades de lubrificação

Tabela simplificada de compatibilidade:

Manutenção e boas práticas

Para obter o máximo desempenho das graxas industriais:

• Limpe sempre o ponto de lubrificação antes de reaplicar
• Use a quantidade correta: excesso gera aquecimento, falta causa desgaste
• Armazene em local seco, ventilado e protegido de calor
• Faça inspeções periódicas (ruído, temperatura, vibração)

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